terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Como fazer seu próprio substrato AKADAMA

AKA=vermelho
DAMA=bola
No Japão, cozinham a argila, que produz bolinhas vermelhas chamadas AKADAMA. Elas têm 2 ou 3 mm e possuem a capacidade de reter líquidos e manter a umidade. Têm enorme duração não se decompondo nunca. São usadas no preparo de compostos (terra) para Bonsai.



Ingredientes:
2 partes de terra vermelha
1 parte de argila ou pipicat (argila granulada para gatos)
Água
1 colher de sopa de salitre do chile (opcional)
Bandejas para secar a terra
1 hashi bem apontado (palito japonês)
1 Forno  (se for de alta temperatura, ótimo a 600ºC a 800ºC), mas pode ser caseiro
1 Balde
Muita, mas muita paciência

O objetivo de utilizar pipicat é para formar a argila, (nunca utilize isoladamente no seu substrato). Pipicat é uma argila compactada que se expande ao contato com líquidos. A terra vermelha é bem solúvel e a mais indicada. Nunca usei terra preta, mas acredito que os restos orgânicos da terra preta podem atrapalhar a compactação. O objetivo do forno é de esterilizar e cozer a terra, formando uma pré-cerâmica. Alguns de vocês já devem ter percebido o cheiro de queimado que é exalado pelo solo para Bonsai que compramos em algumas lojas... tem a ver!
Modo de Preparo:
Em uma vasilha (balde) coloque o pipicat e adicione água aos poucos, até que o pipicat se expanda por completo. Mexa com uma colher grande, de forma obter uma lama líquida.
Peneire bem a terra vermelha e vá adicionando ao pipicat, sempre colocando água para garantir a textura de lama. No meu caso, eu coloco uma colher de sopa de salitre do chile (diluído na água), para garantir uma certa proporção de nitrogênio ao substrato, mas é opcional. Mexa bem, até ficar uma pasta bem homogênea (lama mesmo!). Deixe descansar, no balde sem tampa por dias. Mexa sempre todos os dias. Você irá perceber que a água começa a evaporar e a mistura começa a secar. Recebi algumas sugestões de aquecer a mistura, com o objetivo de simular as condições de regiões vulcânicas, mas como não tenho um caldeirão grande o suficiente, não o fiz (Se alguém fizer, não deixe a água secar, vá completando com água fervendo). A medida que se formar uma consistência mais grossa, dura, coloque em bandejas, como as da foto, comprimindo para formar um bloco, até metade da bandeja (é importante que sobre um espaço para desfazer o bloco). Quando for secando, vá desfazendo o bloco em grãos com auxílio do hashi. Deixe sempre secando na sombra, se possível parcialmente coberto para garantir uma secagem bem lenta. Peneire os grãos, selecionando o que interessa e deixe secar bem (na terra mais fina, pó, que sobrar pode ser adicionado água e repetir o processo). Depois de seco, pulverize com água (névoa) apenas para umedecer superficialmente todos os grãos e leve a forno alto por 1 hora, aproximadamente (mexa os grãos de vez em quando (a cada 30 min) para que cozinhem por igual. Retire do forno, pulverize com água morna e deixe esfriar. Está pronto! Basta misturar pedriscos ou faça sua mistura preferida.

Detalhe nas fotos das fases de preparação: a terra argilosa quase seca, os grãos maiores sendo  desmanchados, até  formar  a  granulação  desejada. Na  segunda foto,  a terra  já
granulada e cozida, pronta para a mistura.
KANUMA

A Kanuma é um tipo de terra/argila branca com ph bastante ácido, muito usado pelos japoneses no cultivo de azaléas. Encontrei algo parecido nas falésias de Porto Seguro – BA, mas não exatamente igual. A Kanuma pode ser encontrada em lojas específicas de Bonsai, importado do Japão. Eu utilizo Kanuma no meu substrato numa proporção de 5% (a Kanuma é um composto muito forte), e comprei numa loja em SP chamada Bonsai Arquitetura. Eles também vendem Akadama, aliás é o único lugar onde o substrato vendido é uma mistura de Akadama, Kanuma e pedriscos, e, é bem caro!
Adubação
Uma das dúvidas mais comuns identificadas nos fóruns de bonsai é sobre adubação. Já me deparei em vários debates, com as mais diversas opiniões.
Um caso que me impressionou foi uma parecer que dei a um colega que utilizava os seguintes procedimentos:

"Os adubos que costumo usar rotineiramente são o NPK 10.10.10, mistura 1/2 a 1/2 torta de mamona e farinha de osso, esterco de galinha curtido e adubo foliar Bio fert. Faço um revezamento entre eles utilizando-os a cada 30 dias aproximadamente alternando-os, inclusive nos meses de outono e inverno em doses menores.
Na sua opinião existe falta ou sobrecarga de algum nutriente que poderia ser prejudicial às plantas?"

(extraído do fórum da Bonsai Brasil)

Vamos fazer uma análise:

NPK: Nitrogênio, Fósforo (P) e Potássio (K)

Torta de Mamona: Nitrogênio

Farinha de Osso: Rica em Fósforo

Esterco de Galinha: Os estercos são ricos em NPK. No caso do "de frango" na sua maioria é Fósforo, e sua massa orgânica propicia a acidificação do solo. Deve-se tomar cuidado com o PH.

Biofert: Macro-nutrientes (Nitrogênio, Fósforo, Potássio) e Micro-nutrientes (Cálcio, Cloro, Enxofre, Ferro, Cobre, Zinco, Boro, Manganês, Magnésio, Cobalto e Molibidênio), todos na quantidade mínima necessária.

Podemos concluir que o colega tem apenas alternado entre adubação Química e Orgânica.

Eu particularmente prefiro a adubação química (não quero dizer que seja ruim a adubação orgânica e nem sou contra), é que os adubos orgânicos PODEM induzir a formação de fungos e bactérias (quando já não trazem naturalmente).

Evito usar Nitrogênio, somente quando é inevitável, pois o N incentiva o crescimento e desenvolvimento da folhagem, estragando todo o nosso trabalho de redução de folhas (mas as vezes se faz necessário usá-lo).

Uso NPK 0-30-20, composto importado marca KEMIRA-QUEMIFOS a cada 15 dias na rega, adotando metade da dosagem indicada pelo fabricante (não uso como manutenção, mas para incentivar a floração e frutificação). Para quem nunca usou, sugiro obedecer o intervalo de 30 dias. Uma única vez 2 meses antes da floração já é suficiente.

Existe no mercado produtos a base de NPK e micronutrientes, que também podem ser utilizados, sempre numa dosagem de 1/3 do que é indicado pelo fabricante na utilização de plantas ornamentais, frutíferas, etc.

Também faço uma pulverização preventiva com Enxofre Fungicida (KUMULUS) a cada 15
dias. O KUMULUS é um fungicida barato (cerca de R$3,00 o kg) e de toxidade muito pequena (também uso metade da dose, pois é apenas preventivo).

É importante que fique claro que não quero promover o desuso dos adubos orgânicos, até porque os grandes mestres só fazem uso deles, mas é importante considerar que não moramos em chácaras ou viveiros de plantas, nosso habitat é residencial, temos animais domésticos e crianças (aos pais), e é complicado colocar uma lata cheia de farinha de osso, água e torta de mamona no quintal para curtir... imaginem o cheiro e o que os vizinhos pensarão! E aquelas moscas voando em volta do vaso atraídas pelo cheiro orgânico do substrato...

O adubo químico pode proporcionar o mesmo resultado, e até melhor, basta saber usar, e, sem exageros.

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